Como um ataque parou uma empresa (e o que podemos aprender)

Tudo parecia um dia normal numa pequena empresa de contabilidade. Era segunda-feira, 8h45. Os funcionários ligaram os computadores, abriram o programa de faturação e… nada funcionava. Os ficheiros estavam encriptados, o servidor inacessível e um aviso em letras vermelhas surgia no ecrã:
“Os seus dados foram bloqueados. Para recuperar o acesso, envie 3.000 € em criptomoedas.” A empresa tinha acabado de ser vítima de um ataque de ransomware — um tipo de software malicioso que bloqueia o acesso a todos os ficheiros até ser pago um resgate.
1. Como começou o ataque
Dias antes, um dos colaboradores tinha recebido um email aparentemente legítimo da “Autoridade Tributária”.
O assunto dizia: “Fatura em atraso — regularize o pagamento.”
Sem suspeitar, abriu o anexo — um ficheiro PDF que parecia inofensivo.
Na realidade, era o início da infeção. O malware instalou-se em silêncio, espalhou-se pela rede e, quando foi ativado, encriptou tudo.
2. As consequências imediatas
- Todos os ficheiros dos clientes ficaram inacessíveis.
- Os backups estavam no mesmo servidor e também foram encriptados.
- O trabalho de vários meses desapareceu em minutos.
A empresa ficou três dias totalmente parada. Clientes sem resposta, prazos fiscais perdidos e uma equipa em pânico.
3. O erro que permitiu o desastre
A empresa não tinha uma política de segurança estruturada.
- Nenhum antivírus atualizado.
- Backups guardados localmente, sem cópias externas.
- Funcionários sem formação sobre phishing ou boas práticas digitais.
Tudo o que os atacantes precisavam era de um clique desatento.
4. Como conseguiram recuperar
Felizmente, o ataque não destruiu tudo.
Um técnico externo conseguiu identificar uma cópia antiga de segurança num disco externo que não estava ligado ao servidor.
Foi possível restaurar parte dos dados, mas a empresa perdeu cerca de dois meses de trabalho.
Depois do incidente, foram implementadas várias medidas:
- Backups automáticos na cloud.
- Antivírus centralizado e atualizado.
- Formação interna em cibersegurança.
- Autenticação de dois fatores em todos os acessos remotos.
5. O que podemos aprender com esta história
- Um simples email pode ser a porta de entrada de um ataque.
- Verifique sempre remetentes e anexos.
- Nunca guarde backups no mesmo local dos dados originais.
- Use cópias externas ou na cloud.
- Atualizações e antivírus são essenciais.
- Sistemas desatualizados são vulneráveis.
- A formação é a primeira linha de defesa.
- Um colaborador atento pode evitar um desastre.
Conclusão
Este caso acontece todos os dias, em empresas de todos os tamanhos.
A boa notícia é que a maioria dos ataques pode ser evitada com medidas simples:
- Formação básica,
- Backups externos,
- Atualizações regulares,
- E atenção redobrada aos emails suspeitos.
A cibersegurança não é apenas tecnologia. É prevenção, hábito e responsabilidade.
Aprender com os erros dos outros é a melhor forma de evitar os nossos.